Quem eram os filhos de Deus e as filhas dos homens em Gênesis 6?

              "E aconteceu que, como o homens começaram a multiplicar-se sobre a face da terra, e lhes nasceram filhas, viram o filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas; e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram." (Gn 6.1,2). Este versículo é bastante controvertido. Porque a bíblia faz essa distinção entre filhos de Deus e filhas dos homens? Quem eram esses grupos de pessoas?

                Existem três visões para explicar esse versículo. Esses filhos de Deus eram anjos que se sentiram atraídos sexualmente pela mulheres da terra. Eles podem ter assumido um corpo humano e dessa relação nasceu uma raça híbrida, metade anjos, metade seres humanos. Porém, há uma objeção a essa visão, qual seja, o fato de que os anjos não se casam, são seres assexuados. "Porque na ressurreição nem se casam nem são dados em casamento; mas serão como os anjos de Deus no céu." (Mt 22.30). A segunda visão identifica o filhos de Deus como o governantes da terra, os nobres. Eles seriam descendentes reais tirânicos de Lameque, identificado na bíblia como um grande governante da antiguidade. As filhas dos homens nessa visão seriam as plebeias, não pertenciam à descendência real. Dessa relação nasceram homens violentos que arruinaram a civilização e sofreram a condenação divina através do dilúvio. A terceira visão, adotada pela teologia tradicional, identifica os filhos de Deus como descendentes de Sete, filho de Adão. Eles se constituíam na descendência piedosa. As filhas dos homens seriam descendentes de Caim, a descendência maligna, impiedosa. Essas duas linhagens haviam permanecido separadas. Quando elas passam a se relacionar ocorre uma mistura entre a linhagem santa e a linhagem do mundo.

                 A primeira visão que pode ser chamada de teoria genética, a segunda visão teoria política e a terceira visão a teoria espiritual. A terceira visão explica a origem do sincretismo religioso. Quando o povo de Deus representado nessa passagem pelos filhos de Sete se envolveram com o mundo e a ideologia pagã representado pelas descendentes de Caim. Com essa relação a verdadeira religião foi corrompida, a cultura se tornou inimiga de Deus. O resultado foi a corrupção geral do ser humano e a sentença de Deus sobre a impiedade através do dilúvio. Essa passagem é bastante relevante no contexto eclesiástico atual. O sincretismo religioso em alguns grupos evangélicos é evidente. Inclusive práticas reconhecidamente pagãs. A nossa "linhagem" está completamente misturada com a "linhagem" do mundo ao ponto de não haver diferença. Individualmente estamos cada vez mais comprometidos com os valores do mundo, nossa mentalidade é superficial, terrena, perdemos o "senso" da eternidade. Conhecemos mais a cultura secular do que os princípios bíblicos. A nossa religião é mera religiosidade, resumida em compromissos institucionais com a igreja.

               O crente vive no mundo, a bíblia não diz para isolarmo-nos. Mas existe uma linha de separação entre o povo de Deus e "as filhas de Caim" que devemos manter rigorosamente traçadas para que não percamos nossa identidade.

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