O perigo do liberalismo teológico

      O liberalismo teológico é um movimento surgido no século 18 com fortes influências do iluminismo. Seu objetivo é claro: relativizar a bíblia e os milagres. Um dos seus pressupostos é "o sobrenatural não invade a história". É um movimento marcadamente racionalista que nega experiências sobrenaturais e os relatos bíblicos sobre os milagres.

          Os teólogos liberais fazem distinção entre a história e a história santa ou salvífica. A criação, Adão e Eva, a queda da raça humana fazem parte da história salvífica e não da história como fatos reais, concretos. Os relatos bíblicos sobre os milagres seriam invenções dos judeus e dos primeiros cristãos. O alemão Friedrich Schleiermacher (1768-1834) é considerado o pai do liberalismo protestante. Ele negava a historicidade dos milagres de Cristo e na área da interpretação bíblica declarou que o intérprete poderia interpretar o texto bíblico melhor do que o próprio autor. Seu ponto de partida para entender isso é que segundo ele o autor do texto bíblico ao escrever foi influenciado pela cultura e convenções sociais de sua época. O leitor do século XXI vive em outro contexto e está em uma posição melhor para interpretar a bíblia. O problema dessa conclusão é que ela nega o caráter inspirado da bíblia e que seus princípios são válidos em todas as épocas e lugares porque na verdade o seu autor é divino.

            Rudolf Karl Bultmann (1884-1976) negava a inerrância das escrituras e afirmava que Deus fala através das escrituras, porém não através das verdades históricas do texto bíblico que não teriam credibilidade, mas através de um encontro existencial com o texto. Na prática o que ele pregava era que não havia uma única interpretação do texto bíblico, mas várias. O intérprete seria um agente ativo no processo de interpretação. Em resumo, ele dizia que não deveríamos nos preocupar com o que a bíblia quis dizer, mas o que ela nos quer dizer agora. Isso gera um subjetivismo exagerado. A experiência e visão de mundo do intérprete determinam o que a bíblia diz a ele culminando na relativização da bíblia.

             O liberalismo teológico tem uma visão característica sobre Jesus. Para eles Jesus não era divino, não ressuscitou dos mortos e nunca se proclamou filho de Deus e Messias. O maior perigo dessa linha de pensamento é que ela contribui substancialmente para a introdução do relativismo moral no meio evangélico. A negação da inerrância da bíblia e o subjetivismo na interpretação do texto bíblico "cai como uma luva" na defesa do pluralismo religioso (a ideia de que todas as religiões levam a Deus), da adoção de práticas antibíblicas (homossexualismo, feminismo) e da adoção do "evangelho social" onde a salvação da alma e o relacionamento místico com Cristo fica em segundo plano. Devemos fixar bem os limites do Cristianismo histórico (Pv 22.28).

              

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