"Porque foram os dias passados melhores do que estes?"


     "Nunca digas: Porque foram os dias passados melhores do que estes? Porque nunca com sabedoria isso perguntarias." (Ec 7.10). Salomão trata nesse versículo de um dilema do ser humano: nossa incapacidade de lidar com circunstâncias adversas. Há sempre um motivo para reclamar quando não se é grato.

       O povo de Israel estava aflito na escravidão no Egito. Suas circunstâncias eram dolorosas. Êxodo 5: 7. Não tornareis a dar, como dantes, palha ao povo, para fazer tijolos; vão eles mesmos, e colham palha para si. 8. Também lhes imporeis a conta dos tijolos que dantes faziam; nada diminuireis dela; porque eles estão ociosos; por isso clamam, dizendo: Vamos, sacrifiquemos ao nosso Deus. Por isso clamavam diariamente a Moisés por livramento. Porém, logo depois de se verem livres da escravidão esqueceram do livramento e murmuraram contra Deus. Números 11: 5. Lembramo-nos dos peixes que no Egito comíamos de graça, e dos pepinos, dos melões, dos porros, das cebolas e dos alhos. 6. Mas agora a nossa alma se seca; coisa nenhuma há senão este maná diante dos nossos olhos. Bastou novas circunstâncias adversas para o povo considerar "os dias passados melhores do que estes". Quanta ingratidão!

        O apego ao passado também pode produzir um saudosismo exagerado ao ponto de atrapalhar a obra de Deus. Quando Israel foi levado em cativeiro o templo foi destruído. Porém, ao retornar Esdras o reconstruiu. O povo se alegrou, mas alguns entristeceram-se pois tinham visto a glória do primeiro templo. Esdras 3: 12. Muitos, porém, dos sacerdotes e dos levitas, e dos chefes das casas paternas, os idosos que tinham visto a primeira casa, choraram em altas vozes quando, a sua vista, foi lançado o fundamento desta casa; também muitos gritaram de júbilo; O escritor não sugere se esses sacerdotes estavam certos ou errados ao se entristecerem, porém é certo que muitas vezes usamos o passado como desculpa para não fazermos a obra de Deus no presente. Dizemos que no passado a igreja era diferente, havia mais manifestações espirituais, havia mais curas, havia mais conversões. Entretanto, isso não pode diminuir a nossa alegria e ousadia em fazer a obra de Deus. 

          O que produz esse sentimento de ingratidão diante das circunstâncias presentes é a nossa constante insatisfação. Sempre consideraremos a vida do outro melhor, os dias passados melhores. Somente quando vermos que a nossa vida é uma constante busca para se conformar com o caráter de Cristo é que nos alegraremos nas circunstâncias. Quando um atleta está treinando constantemente a cada dia que passa ele ganha agilidade, força física e resistência. Ele nunca vai olhar para o passado e desejar que ele volte porque no passado ele não estava no nível de força que tem hoje. Em nossa vida espiritual não podemos pensar que o passado era melhor porque não tínhamos a maturidade, o discernimento e a experiência que temos hoje. É tolice querermos voltar para a primeira fase do jogo quando estamos em uma fase avançada.

           
   

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