Fé e razão


   Na teologia a defesa da nossa fé é chamada de apologética. A apologética procura conciliar o conflito existente entre fé e razão. Existem diversos textos bíblicos que fundamentam a necessidade em defendermos nossa fé.

1 Pedro 3: 15. antes santificai em vossos corações a Cristo como Senhor; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a todo aquele que vos pedir a razão da esperança que há em vós;

Judas 1: 3. Amados, enquanto eu empregava toda a diligência para escrever-vos acerca da salvação que nos é comum, senti a necessidade de vos escrever, exortando-vos a batalhar pela fé que de uma vez para sempre foi entregue aos santos.

Tito 1: 9. retendo firme a palavra fiel, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para exortar na sã doutrina como para convencer os contradizentes.

 É necessário analisarmos detidamente esses textos. Pedro fala que devemos estar preparados para responder com mansidão e temor a razão da esperança que há em nós. Ele foca não no conhecimento que devemos ter, mas na postura adequada na defesa da nossa fé. Ela não pode ser hostil. O propósito da apologética não é demonstrar que podemos ganhar uma discussão, mas convencer o nosso interlocutor de que a nossa fé é confiável. Nesse propósito é inaceitável utilizarmos termos grosseiros e posturas raivosas. Neste sentido é interessante observarmos a postura do apóstolo Paulo com os Atenienses.

Atos dos Apóstolos 17: 22. Então Paulo, estando de pé no meio do Areópago, disse: Varões atenienses, em tudo vejo que sois excepcionalmente religiosos; 23. Porque, passando eu e observando os objetos do vosso culto, encontrei também um altar em que estava escrito: AO DEUS DESCONHECIDO. Esse, pois, que vós honrais sem o conhecer, é o que vos anuncio.

  Veja que Paulo não parte para o ataque contra a idolatria de Atenas. Ele aproveitou uma "brecha" na cultura idolátrica daquela cidade para apresentar o evangelho. Esse fato é importantíssimo. Devemos aprender a dialogar com a nossa cultura. Usar uma linguagem que seja compreensível. Entender a visão de mundo do outro. Não adianta utilizarmos "jargões" evangélicos se isso não faz sentido para o nosso ouvinte. A cidade de Atenas era tão idólatra que levantaram um altar ao Deus desconhecido com medo de esquecerem algum Deus que não estava sendo adorado. Paulo aproveitou essa oportunidade para apresentar o evangelho.

  O texto de Judas é interessante porque é o único caso da Bíblia que o autor ia falar de um assunto, mas mudou de ideia. Ele exorta a batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos. Apesar do termo "batalhar" é óbvio que o autor não estava falando em pegar em armas, mas simplesmente adotarmos uma postura diligente nesse objetivo. Alguém pode argumentar que João Batista e Jesus usaram termos fortes em suas pregações, porém se formos prestar atenção esses termos sempre eram usados com religiosos ou autoridades que se autopromoviam. Era uma mensagem de condenação pela hipocrisia deles.

    Por último o texto de Tito foca no conhecimento. É inaceitável um Cristão não conhecer suficientemente sua própria fé. Alguém acha que ao ler a Bíblia 15 minutos por dia está obedecendo ao mandamento de crescer na graça e no conhecimento. Bem, 15 minutos é melhor do que nada, mas esse tempo é irrelevante. E hoje é indispensável possuirmos não só conhecimento bíblico-teológico, mas conhecimento científico, filósofico, sociológico etc. Defendermos a nossa fé é um mandamento bíblico.

      Não podemos adotar uma postura beligerante na defesa da nossa fé. Devemos saber dialogar com o nosso tempo utilizando uma linguagem que faça sentido ao nosso ouvinte. Frases prontas não convencem ninguém só aborrecem.

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