A teologia da prosperidade e a ordem de cada um levar a sua cruz

A teologia da prosperidade não é uma inovação deste século, a idéia de que as riquezas e o sucesso temporal são evidências da benção divina remontam a doutrina calvinista na idade média e provavelmente já houvesse um esboço de tal doutrina na antiguidade. A prosperidade material é tratada na bíblia realmente como uma benção divina, o salmista falando sobre a bem-aventurança daqueles que temem ao senhor afirmou "fazenda e riquezas haverá na sua casa, e a sua justiça permanece para sempre" ( Sl 112.3). Entretanto em nenhuma parte a palavra do senhor assevera que ter riquezas é um sinal da nossa filiação com o pai celestal e ser pobre significa evidência da rejeição divina. O senhor sempre exortou seu povo a tomar cuidado com a prosperidade material, para que ela não substituísse a devoção devida a ele "havendo-te, pois, o senhor, teu Deus, introduzido na terra que jurou a teus pais, Abraão, Isaque e Jacó, te daria, onde há grandes e boas cidades, que tu não edificastes, e casa cheias de todo bem, que tu não encheste, e poços cavados, que tu não cavastes, e vinhas e olivais, que tu não plantastes, e, quando comeres e te fartares, guarda-te e que te não esqueças do senhor, que te tirou da terra do Egito, da casa da servidão." (Dt 6.10-12). Por isso Israel foi obrigado a enfrentar diversas provações para que não esquecesse do senhor Deus quando chegasse a bonança, mas lhe fosse grato pela vitória alcançada. No reino de Deus a prosperidade sempre é precedida de muitas aflições e angústias que preparam o servo do senhor a usufruir das bençãos prometidas, foi assim com Davi, com josé e com todos aqueles que se preocupam antes com a prosperidade espiritual do que em acumular riquezas. A recomendação do apóstolo Paulo é clara "Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Mas tu ó homem de Deus, foge destas coisas e segue a justiça, a piedade, a fé, a caridade, a paciência, a mansidão." ( 1 tm 6.9,11). O senhor jesus nunca pregou a teologia da prosperidade, ao contrário, condenou aqueles que usavam a religião para servir a seus propósitos mercantis, como no episódio onde ele expulsou os vendedores do templo e quando repreendeu os fariseus por fazer prolongadas orações nas casas das viúvas para roubar-lhes o seu sustento. Exortando a igreja em Laodicéia o senhor Jesus declarou "eu sei as tuas obras, que nem és frio nem quente. Tomaras que foras frio ou quente! Assim, porque és morno e não és quente, vomitar-te-ei da minha boca. Como dizes rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta (e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu)" (Ap 3.15-17). Percebe-se através desse texto o repúdio do senhor por aqueles que se preocupam em acumular riquezas materiais em detrimento das espirituais. O desejo do senhor é o bem-estar espiritual e material do seu povo, nos é prometida através da bíblia a benção financeira em nossas famílias e individualmente, porém o sucesso material nunca deve ser interpretado como característica inafastável do crente em jesus, ao contrário, o sinal que distingue o servo do Senhor é o dever a todos imposto como condição para seguir ao mestre Jesus "E dizia a todos: se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me." (Lc 9.23). A nossa herança não está aqui neste mundo, as riquezas que almejamos são as espirituais, não buscamos a prata e o ouro que o ferrugem consome. Temos a mesma atitude de Moisés que pela fé rejeitou ser chamado filho da filha de faraó "escolhendo, antes, ser maltratado com o povo de Deus do que por, um pouco de tempo, ter o gozo do pecado; tendo por maiores riquezas, o vitupério de cristo do que os tesouros do Egito; porque tinha em vista a recompensa." (Hb 11.25-26).

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