A graça de Deus é acolhedora, não acusadora

          Jesus ensinava no templo como de costume quando alguns fariseus e escribas lhe trouxeram uma mulher apanhada em adultério. Esse episódio bíblico traz à tona de forma significativa a graça de Deus e o seu poder transformador. Ao mesmo tempo nos recolhe ao nosso lugar de meros servos e não juízes.

            A Lei de Moisés era clara: quando duas pessoas fossem apanhadas em adultério as duas deveriam ser apedrejadas. Os fariseus resolveram usar esse dispositivo legal para apanhar Jesus em alguma contradição para desacreditá-lo. Se Jesus dissesse que ela não deveria ser apedrejada seria acusado de desobedecer a Lei. Se concordasse em apedrejá-la seria acusado de ser incoerente com seu discurso de compaixão com as pessoas. Porém, Jesus com sabedoria percebe o ardil e se posiciona de forma magistral "Aquele que dentre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela" (Jo 8.7b). Jesus diz muitas coisas neste versículo. Não somos melhores do que ninguém, como podemos julgar alguém que está na mesma condição que nós? para que possamos julgar alguém devemos estar em uma posição de superioridade, algo que com relação ao pecado ninguém está. Jesus desarma com essa palavra todo sentimento acusador, as consciências das pessoas que estavam lá não podiam suportar essa palavra. Ninguém ali era digno de acusar ninguém de pecado.

               Quando os fariseus e escribas foram embora envergonhados, Jesus se volta para a mulher. Essa passagem é a mais maravilhosa desse episódio. Jesus pergunta a mulher onde estão os seus acusadores e se alguém lhe havia condenado. A mulher responde que ninguém a havia condenado. Talvez a mulher esperasse uma resposta do tipo "ninguém te condenou, mas eu te condeno." Consideremos por indução que essa mulher já tinha sofrido todo tipo de reprovação da sociedade, palavras hostis de todo tipo foram faladas contra ela. Jesus, porém a surpreende "Nem eu também te condeno." A primeira palavra de afeto que aquela mulher ouve depois de tanta reprovação. Era o que aquela mulher precisava ouvir. Ela não precisava de mais uma palavra de reprovação. Isso não iria contribuir em nada para a transformação da vida dela. Jesus oferece com essa palavra uma oportunidade de salvação "Nem eu também te condeno." O amor de Jesus deve ter causado um impacto maravilhoso na vida daquela mulher. No final, Jesus demonstra que não tolerava o seu pecado "Vai-te e não peques mais." Alguém duvida que ela obedeceu a ordem do mestre?

              O pecador que sofre com o seu pecado não precisa de reprovação e hostilidade para ser transformado. Ele precisa ouvir uma palavra que lhe ofereça uma saída, uma oportunidade. A graça de Deus é acolhedora, não acusadora. Não tolera o pecado, mas não condena sem uma oportunidade de salvação.

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