A lição da figueira sem frutos

         Em Mateus cap. 21.18-22 a bíblia descreve o episódio em que Jesus tendo fome procurou comer o fruto de uma figueira, porém ela estava seca. O fruto da figueira normalmente começa a aparecer antes de suas folhas. A figueira da narrativa bíblica estava cheia de folhas, porém não tinha frutos, ou seja, tudo indicava que aquela figueira era frutífera, mas tudo era apenas aparência. Jesus então amaldiçoou a figueira dizendo: Nunca mais nasça fruto de ti! e a figueira secou imediatamente.

         Existem crentes cheios de "folhas", mas sem frutos. É muito fácil passar uma imagem de espiritualidade. Você canta, prega, auxilia nos trabalhos, está sempre sendo visto trabalhando. Como uma pessoa dessa não pode ser espiritual? mas pode ser que não seja. Quantidade nunca produzirá um caráter íntegro. Na verdade muitas vezes nós substituímos atitudes internas com exteriorizações de espiritualidade porque é mais fácil. É mais fácil participar da organização de um evento da igreja do que ter amor pela palavra de Deus e meditá-la dia e noite. É mais fácil louvar no púlpito do que ter uma vida que louve a Deus. É mais fácil ter um cargo na igreja do que orar. Quantas horas você passa cuidando do preparo de alguma atividade da igreja e quantas horas você passa meditando na bíblia e orando? Nós compensamos o fato de não termos paciência de ler a bíblia e orar com esforço em alguma atividade da igreja para com isso nos redimirmos com Deus. Nós dizemos "Deus eu não consigo ler a bíblia e orar então eu estou ajudando o pastor nessa obra para compensar".

            Mas essa atitude não agrada a Deus. Fazer algo exteriormente para compensar algo é como a figueira que só tem folhas, mas não tem frutos. Quando meditamos na bíblia e compreendemos a vontade de Deus e sentimos o que ele sente não importa quão pequeno seja nosso trabalho ele será exercido com qualidade e produzirá grandes resultados. O crente deve fazer algo para Deus movido por um impulso interior de agradá-lo, de honrá-lo e não por uma obrigação da consciência. O tribunal de Cristo "queimará" muitas obras dos crentes, pois o material delas é de palha, sem valor. A obra foi construída sobre um fundamento instável, ou seja, sobre a ideia de que fazer algo para Deus pode redimir-nos da nossa incapacidade de ter o caráter de Cristo. Nossa responsabilidade de ser algo para Deus é infinitamente maior do que fazer algo para ele. Marta e Maria são exemplos disso. Marta se preocupava demais em "fazer", Maria no entanto tinha mais prazer em ficar aos pés de Jesus só ouvindo. "Marta, porém, andava distraída em muitos serviços; e, aproximando-se, disse: Senhor, não se te dá que minha irmã me deixe servir só? dize-lhe que me ajude. E Respondendo Jesus, disse-lhe: Marta, Marta, estás ansiosa e afadigada com muitas coisas, mas uma só é necessária; E Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada." (Lc 10.40-42).

              Maria escolheu uma comunhão mais íntima com Jesus. Escolheu aprender com ele, ser como ele é. Marta achava que causaria uma boa aparência cuidar dos serviços da casa, porém Jesus a repreendeu. Não adianta cuidar dos "serviços" da casa de Deus se nossa "casa" interior está desarrumada.