Salvação e religião não combinam
É impossível ser salvo e religioso ao mesmo tempo. Uma religião está baseada naquilo que fazemos, a salvação está baseada naquilo que já foi feito. Uma religião é um sistema de regras, um sistema de "pode ou não pode". A salvação é uma mera aceitação do sacrifício de Cristo como expiador dos nossos pecados.
O autor da nossa salvação foi o maior crítico da religião "E assim invalidaste, pela vossa tradição, o mandamento de Deus." (Mt 15.6). Os fariseus através de sua tradição oral substituíam o mandamento de Deus. Eles priorizavam ou colocavam no mesmo patamar as regras que eles inventaram com os mandamentos expressos de Deus. Sua espiritualidade era baseada em um sistema de "pode ou não pode". O que há de errado nisso? o evangelho não é um código de leis, o qual, quem o desobedecer está condenado. Na verdade, você pode obedecer todos os pontos de sua religião e ser condenado. Porque o evangelho investiga a essência do ser humano. O evangelho não pergunta "o que você cumpriu?", mas "porque você cumpriu?". O apóstolo Paulo reconheceu que perante a lei ele era irrepreensível (Fp 3.6). Mas, o que ele conseguiu foi apenas uma justiça própria. Uma justiça precária que não passa pelo crivo da justiça divina. O objetivo final da religião é exatamente isso, buscar uma justiça própria. A pessoa sente-se bem com Deus porque cumpre todas as regras impostas pelo sistema eclesiástico, como se isso bastasse. O religioso tem pavor quando lhe dizem que é necessário antes de tudo ter uma justiça interna porque ele não consegue alcançar essa justiça obedecendo regras externas. Parece contraditório, mas é muito mais fácil esconder uma espiritualidade superficial praticando obras externas do que a escondendo em seu íntimo.
O religioso associa fidelidade com obedecer regras. O salvo associa fidelidade com o desenvolvimento do seu caráter. O religioso não se contém em apontar quando alguém descumpriu uma regra, mas é indiferente quando alguém tem uma falha em seu caráter. É fácil apontar aquilo que nós somos capazes de fazer, ou seja, obedecer regras, do que apontar aquilo que nos é inalcançável: ter um caráter puro. Porque Jesus ao pregar aos fariseus sempre aumentou a responsabilidade deles? por exemplo: "Ouviste o que foi dito aos antigos? Amarás ao teu próximo e odiarás ao teu inimigo. Eu porém vos digo: amai aos vossos inimigos." (Mt 5.43.44a). Os fariseus tinham acrescentado uma regra: odiarás a teu inimigo. Deus nunca tinha exigido isso. Jesus revela a essência da lei, amar ao próximo é muito fácil, ame seus inimigos. Jesus também falou "Porque, vos digo que, se a vossa justiça não exceder aos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus." (Mt 5.20). Parece que Jesus estava ordenando algo impossível, como exceder em justiça os escribas e fariseus se eles cumpriam todos os preceitos e regras da lei? Mas, cumprir regras em comparação a ter uma justiça interna é muito fácil. A nossa justiça não pode ser baseada no "pode ou não pode", mas de como eu sou internamente diante de Deus.
Ou você é religioso ou é salvo. Ou você valoriza mais a aparência ou compreende a essência do evangelho. Não queira que os outros tenham um comportamento externo que seja compatível com o seu gosto. Não exija dos outros o que Deus não exige.
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